Desde que vim para Lisboa, em 1992, a minha experiência com os hospitais desta zona não tem sido das melhores.
Em Coimbra sempre fui muito bem tratada em ambos os hospitais existentes (Hospital da Universidade e Hospital dos Covões) e nunca tive quaisquer razões de queixa.
Conto-vos agora as minhas experiências por cá e digam-me lá se acham isto normal.
Em 1993, estava eu no meu primeiro ano da Faculdade, tive a minha primeira infecção urinária :( Nessa altura, morava num quarto alugado na zona da Ajuda. Dirigi-me assim ao hospital mais próximo, o Hospital S. Francisco de Xavier no Restelo. Chegada aí, fui atentida pelo médico que faz a triagem dos doentes. Perguntou-me os meus sintomas, receitou-me alguma medicação e mandou-me embora. Assim, sem quaisquer testes ou análises.
Fui para casa. Passado um mês, durante uma aula, comecei a sentir-me muito mal. Saí da sala, fui à casa de banho e deram-me umas dores horríveis, praticamente insuportáveis, e estava a sangrar imenso. Adivinhem? Pois é, a infecção tinha voltado mas mais forte do que nunca.
Arrastei-me até ao Hospital de Santa Maria. Dirigi-me à recepção e a funcionária perguntou-me a morada. Inocentemente, disse-lhe que morava na Ajuda. Erro crasso. Fui mandada embora porque aquele não era o meu hospital, tinha de me dirigir ao hospital da minha residência. Tentei argumentar dizendo que era aluna da Faculdade de Letras, que estava a ter aulas naquele momento, se não me podiam atender. Não resultou de nada.
Apanhei um táxi e fui, novamente, ao S. Francisco de Xavier. Já bastante irritada e cheia de dores, entrei a reclamar com tudo e todos. Conclusão: atenderam-me muito bem, fizeram-me todos os teste e análises possíveis e até me disseram que se estivesse grávida eles “tratariam do assunto”. É impressão minha ou o aborto era e é ilegal em Portugal?
Passados 13 anos, tive, novamente, necessidade de me dirigir a um hospital. Desta vez aconteceu algo irreal.
Na semana passada senti-me mal. Ao deitar-me, comecei a ter dores no baixo ventre, mas não dei grande importância. No entanto, às 4h da manhã, as dores tornaram-se insuportáveis e lá fui eu e o R. para as urgências do Hospital Amadora/Sintra.
Fui à triagem, deram-me prioridade amarela, esperei 20 mintos e fui atendida. Nada mau! A médica que me atendeu mandou-me fazer análises à urina e ao sangue. Depois, já com os resultados em mãos, diz-me que “parece ter uma infecção, mas não estou a ver o que é”. Faz-me mais perguntas acerca dos sintomas que tenho e finaliza com: “a menina agora dirige-se ao seu médico de família. Ele que a mande fazer uma ecografia e repetir as análises. Pode ir.” Imaginam a minha cara de espanto, não imaginam? Perguntei-lhe então se não estava no hospital e se não era ali que me podiam fazer todo o tipo de testes necessários. “Não, a menina tem de ir ao seu médico.” “Mas eu não sou de cá”, disse-lhe, “sou de Coimbra e estou aqui de passagem, como é que faço agora? Estou com dores horríveis, mal consigo andar.” Aí, manda administrarem-me um soro que contém medicação para as dores e pede-me para falar com ela no final. Lá fui, só para ouvir: “pode ir embora agora”.
Fui para casa e, nesse mesmo dia, ao meio-dia, as dores voltaram mais fortes do que nunca.
Voltei ao hospital, reclamei da forma como me tinham tratado e fui recompensada com uma injecção no rabo. Novamente um analgésico para as dores. Receitaram-me antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios, porque eu pareço ter uma infecção.
E pronto, até hoje não sei o que tive e lá vou eu ao meu médico de família para fazer uma ecografia e mais análises.
Mas alguém acha isto normal?
Foto: Hospital Fernando Fonseca (Amadora/Sintra)